domingo, 8 de julho de 2012

Doces de Pelotas - Parte 3 - Degustação

Ufa! Cheguei na parte final das postagens para contar a vocês como foi trazer e colocar na mesa os doces de Pelotas. Com outras compras (um poncho de tear e uma pequena bolsa), minha mala que saira de São Paulo com 18 quilos, voltou com 23, sem contar o que veio na mão!
O encontro para degustação, marcado com bastante antecedência, foi no dia 10 de junho, para possibilitar que as estrelas fossem os doces de Pelotas.
Os de alta confeitaria, escolhidos entre 14 tipos: bem-casado, camafeu, olho de sogra, pastel de santa clara, fatia de braga, trouxas de amêndoas, broinha de coco e amanteigado. Infelizmente os pasteis de Santa Clara, de formato para mim inusitado, como um pequeno envelope de massa finíssima que chega a ser transparente, não resisitiram à viagem, chegaram com os cantos partidos. Mesmo assim, foram para a mesa. A escolha excluiu, não apenas por segurança mas também pela facilidade de tê-los em São Paulo, os doces feitos praticamente de ovos, como quindim, ninho, papo de anjo, beijinho de coco e panelinha de coco.
Os de frutas, também selecionados entre muitos: marmelada, figada, pessegada, passa de pêssego, figos e cascas de laranja critalizados.
Além desses, não resisti às rapadurinhas de amendoim vendidas em cada esquina. Comprei-as na feira permanente da Cooperativa dos Doceiros.


Na mesa variedade de doces, todos com teor de açúcar menor do que estamos acostumados.

Atenção para o selo de certificação dos doces

Figos cristalizados

Marmelada

Passa de pêssego

No sentido horário: figada, pessegada, casca de laranja cristalizada

Outra vista dos mesmos doces

Rapadurinhas de amendoim

Comentei acima que todos os doces têm teor de açúcar menor do que estamos acostumados. A tradição doceira de Pelotas é europeia. Dos portugueses açorianos vieram as receitas da confeitaria tradicional. De franceses, alemães e italianos, o conhecimento das frutas e sua conservação. Por muito tempo esses colonizadores não contaram com fartura de açúcar como em outras regiões do Brasil, pois cana de açúcar nunca fez parte da variada produção agrícola do sul do Brasil. Açúcar tornou-se mais viável com a formação das charqueadas, ciclo econônico iniciado na segunda metade do século 18. Pelotas produzia charque e despachava para o nordeste, por navio a partir do porto de Rio Grande. O mesmo navio embarcava açúcar no porto de Recife e o levava para Pelotas.

O fato é que até hoje o teor de açúcar é mais parecido com o da Europa do que com o Brasil de outras regiões. Na Fenadoce, fiz questão de comer o Pastel de Belém que Eloy me oferecia, junto com café expresso, da maneira como comi em Lisboa, em Café na Torre de Belém. E foi exatamente a mesma sensação!

Hoje toda essa tradição da confeitaria portuguesa encontra-se com a mais avançada tecnologia da informação. O selinho de certificação de cada doce contém um endereço eletrônico e um número. Juntando os dois, se obtém uma série de informações sobre a região de produção do doce, datas de produção e de validade, ingredientes, sua procedência e validade. Vale a pena experimentar: www.docesdepelotas.org.br e códigos BC000000125A, BC000000129A, CA000002199A, OS000003012.

Em minha opinião os doces de Pelotas representam seu patrimônio cultural identitário, já que promovem conhecimento e autoestima positiva na população, que se reinventa e insere novas receitas nesse verdadeiro tesouro.

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